Terça-feira pela manhã, eu estava dentro do Ana Nery (Ferry-boat de Salvador), me dirigindo para Salinas da Margarida. Até então, uma simples viajem à trabalho. O porém fica quando eu cheguei lá.
Comparando Salinas da Margarida com Salvador, é impossível não notar o quanto a cidade grande é dependente de tecnologia e o quanto Salinas é desapegada à isso.
Sinal de telefone é escasso, internet não chega à todo lugar, quase ninguém usa telefone e celular é só para usar uma vez ou outra (quando pega, já que o melhor lugar para se falar é na orla, em frente ao mar, perto da Igreja Católica). O transporte que domina o lugar é bicicleta e ônibus só serve (e só existe) para ir de uma cidade - ou distrito - à outra.
Por diversas vezes eu me senti um extraterrestre, já que eu me sinto - e notei a força disso durante a viajem - dependente da tecnologia à ponto de não largar meu celular hora nenhuma, trocando mensagens de texto com "o povo do lado de cá". Como eu insisti em dizer à minha chefe, era minha comunicação com o mundo exterior.
Sempre haverá gente que acha um absurdo se viver em um lugar como esses, mas eu hei de concordar que, para os "nativos" (me atrevo à chamá-los assim), viver conectado é o mesmo que não viver. Para eles, essa conexão permanente é viver no mundo virtual e não viver o real, e para nós, meros extraterrestres, essa conexão é essencial, como se o mundo virtual fosse extensão do mundo real, ou seja, aquele em que vivemos.
Em momento algum eu cheguei à me questionar se essa minha dependência é real ou não, já que eu não vivo lá e sim aqui, onde a realidade está no dinamismo e na instantaneidade das respostas imediatas e informações em tempo real. Mas, talvez, eu devesse ter aproveitado mais para desligar um pouco essa conexão. Ou talvez fosse melhor eu ter providenciado um remédio para loucura, pois eu acho que essa viajem afetou meus poucos neurônios restantes.
1 comentários:
Pra mim, viver no mundo virtual é sim viver no mundo real, não consigo fazer distinção entre os dois mundos, muito pelo contrario, o que percebemos é que cada vez mais, o mundo dito real precisa do mundo dito virtual vivo, como diz Levy, para estabelecer relações.
Agora, não tenho dúvidas de que essa viagem afetou o restinho de seus neurônios.
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